Terminou por volta das 15h30 desta sexta-feira (17)
o depoimento das sete testemunhas convocadas pela defesa do ex-goleiro do
Flamengo Bruno Fernandes no caso que apura as acusações de sequestro e lesão
corporal contra a ex-modelo Eliza Samudio. O atleta e seu amigo Luiz Henrique
Ferreira Romão, o Macarrão, que também responde pelos crimes, não acompanharam
os três primeiros depoimentos: da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim; do
diretor-executivo do clube, Zico; e do jogador Leonardo Moura.
Ao ser informado que ex-colegas do Flamengo estavam no tribunal, Bruno passou mal e desmaiou. Ele foi atendido por
uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Macarrão pediu
para acompanhá-lo. Segundo o advogado Ércio Quaresma, o goleiro sofreu uma
queda de glicose por não ter feito nenhuma refeição. Anteriormente, havia sido
divulgado que Bruno teria sofrido uma queda de pressão.
Em seu depoimento, Patrícia Amorim afirmou que o
contrato com o atleta está suspenso. Ela ressaltou que, mesmo após a conclusão
dos processos judiciais, Bruno não voltará a jogar no Flamengo. A dirigente
disse que confiava muito no goleiro a ponto dele ser o porta-voz entre ela e o
elenco rubro-negro, no cargo de capitão.
O depoimento de Zico durou cerca de dez minutos. O
promotor do Ministério Público Eduardo Paes, responsável pelo caso, ao invés de
fazer uma pergunta, pediu um autógrafo – concedido pelo diretor-executivo do
Flamengo. Zico afirmou no tribunal que só soube do caso envolvendo Bruno e
Eliza Samudio através da imprensa e surpreendeu.
O jogador Leonardo Moura negou que tinha contato
pessoal com o ex-goleiro do Flamengo. O lateral direito afirmou que sua ligação
com o réu era estritamente profissional. Ele, no entanto, disse que tinha
conhecimento das saídas constantes de Bruno com Paulo Victor, Adriano e Vagner
Love. O zagueiro do Vasco Christian Chagas Tarouco, o Tite, foi o único que
cumprimentou o goleiro, fazendo um sinal com o dedo polegar. Bruno sorriu e
retribuiu o gesto.
O depoimento de Paulo Victor Mileo Vidotti –
goleiro reserva do Flamengo – foi o que mais fez referências à Eliza. Ele disse
que a jovem frequentemente participava de orgias na sua casa e que ela conheceu
Bruno em uma dessas festas. Na noite em questão, Paulo relatou que chegou a sua
casa e viu pessoas nuas andando pela residência, entre elas estavam Eliza e
Bruno, que namoravam. O goleiro fez questão de frisar que não participou da
orgia.
O zagueiro Álvaro Luiz Maior de Aquino afirmou que
não conheceu Eliza pessoalmente, mas disse que ela era conhecida em todos os
clubes brasileiros e internacionais por gostar de se relacionar com jogadores
de futebol.
A mãe de Eliza, Sônia Moura, chorou muito ao ver
Bruno e Macarrão e decidiu não acompanhar a audiência. Na saída 1ª Vara
Criminal de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, ela disse à imprensa que quer
justiça para o neto, Bruninho, supostamente fruto do relacionamento
extraconjugal entre Eliza e Bruno.
A audiência desta sexta-feira é relativa ao caso de
outubro de 2009, sem relação com o processo que apura o desaparecimento de
Eliza em Belo Horizonte em junho deste ano. Esta é a segunda sessão referente
ao processo originado com queixa prestada pela jovem na Delegacia Especializada
no Atendimento à Mulher (Deam). Na primeira audiência, realizada no dia 26 de
agosto, Bruno e Macarrão não foram ouvidos, o que está previsto para acontecer
hoje.
Após o júri finalizar o interrogatório com Bruno e
Macarrão, a defesa e a promotoria terão cinco dias úteis cada para apresentar
alegações finais. A decisão do júri irá sair em 30 dias e poderá ser comunicada
ao ex-goleiro do Flamengo por carta.