O
verão só começa no dia 21 de dezembro, mas desde a chegada da primavera, em
setembro, um verdadeiro bombardeio de corpos sarados em anúncios estimula a
corrida contra o tempo. De acordo com Saturno de Souza, diretor técnico da
academia Bio Ritmo, a procura de novos clientes pela malhação aumenta em até 30%
com a proximidade do verão. Na Onodera, especializada em tratamentos estéticos,
os meses de outubro e novembro concentram 25% do faturamento anual da rede.
O
psicólogo Marco Tommaso olha com reservas a “operação de guerra” para entrar em
forma. “Não adianta emagrecer só para o réveillon. É importante manter os bons
hábitos depois”, diz. Ainda segundo ele, o primeiro passo para sobreviver ao
verão sem entrar em crise é abolir metas impossíveis, como se inspirar nos
corpos de modelos. “O padrão de beleza das modelos é uma exceção. Tem a ver com
a genética”, destaca Tommaso sobre a magreza das jovens. Ele também alerta para
o risco de se tornar uma eterna insatisfeita. “É importante diferenciar a
vaidade da obsessão”, completa.
Para
Camila Mastrorosa, psicóloga associada da Clínica CEAAP, muitas vezes a mudança
interna não acompanha a externa. Autora de uma pesquisa sobre autoimagem, ela
estudou mulheres que se submeteram à cirurgia de aumento de mama. Mesmo após
turbinar os seios, diversas pacientes ainda apresentavam baixa autoestima.
“Elas colocaram próteses de silicone, mas não mudaram internamente a imagem
corporal de si mesmas”, conta sobre a experiência. “Estas mulheres teriam maior
probabilidade de apresentarem comportamentos excessivos na busca pelo corpo
perfeito idealizado, que na verdade nunca seria encontrado”, diz.
Corpo
bonito em pouco tempo
Mas
será que a corrida em busca de um corpo bonito se justifica? Os especialistas
garantem que sim, é possível melhorar a aparência, mas milagres não existem.
“Dá para fazer algo, dependendo da frequência do aluno. Mas quem treina a
partir de novembro, já começou tarde”, diz Saturno de Souza.
Para
obter resultados ainda este ano – e em tempo para o verão, é preciso uma hora
diária de exercícios, de quatro a cinco vezes por semana. Combinado com uma
alimentação adequada, o treino ajuda na redução do percentual de gordura e
enrijecimento muscular. No limite, o exagero pode trazer mais problemas do que
benefícios. “O resultado não é duradouro, o corpo não consegue lidar com o
excesso de fadiga”, diz Souza, da Bio Ritmo.
Nas
clínicas, a tendência é optar por tratamentos mais rápidos e intensivos. “A
mulher deve se planejar com antecedência, para manter os intervalos entre as
sessões”, diz Ingrid Peres, fisioterapeuta da Onodera. Quem cuida do limite
para não haver exageros são as consultoras, que montam uma agenda de tratamento
em função da rotina, alimentação e metabolismo de cada uma.
Pegue
leve e seja feliz
Cuidar
da aparência é positivo e eleva a autoestima. Contudo, como quase tudo na vida,
o sucesso está na dose. Abaixo você confere sinais de exageros:
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Deixar de ir aos encontros de amigos e festas de família para malhar
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Passar o dia pensando no corpo ideal ou pesquisando sobre o tema
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Falar muito sobre peso. Contar calorias, gorduras, sódio...
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Comer “tudo” em um dia e passar fome no outro
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Perseguir grandes metas em curto período de tempo
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Usar subterfúgios (como dietas radicais ou medicação) para acelerar o
metabolismo
- Fadiga, frequência cardíaca alterada e sono de má qualidade também são sinais de exagero