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MEC (Ministério da Educação) vai mudar as regras do ProUni (Programa
Universidade para Todos) sobre a concessão de isenção fiscal às instituições participantes.
A ideia é que o benefício recebido pelo estabelecimento de ensino seja
proporcional ao número de bolsas preenchidas e não ao total ofertado, como
ocorre hoje. A pasta ainda estuda o mecanismo mais efetivo para que a mudança
seja efetivada.
Atualmente, pela lei que criou o programa, as faculdades recebem a isenção
fiscal em troca da oferta de bolsas, independentemente de elas terem sido
ocupadas ou não. O problema já foi apontado pelo TCU (Tribunal de Contas da
União), que calcula um total de R$ 104 milhões de isenções fiscais concedidas
indevidamente via ProUni. Neste semestre, apesar do número recorde de
inscritos, 4% das bolsas ficaram ociosas na primeira rodada de inscrições.
Além do problema no preenchimento das bolsas, o MEC vai investigar o caso de
estudantes da Universidade Paranaense que não são de baixa renda, mas estudam
na instituição com bolsa do ProUni, como mostrou reportagem veiculada ontem na
imprensa.
Para receber bolsa integral, o estudante deve ter renda familiar per capita de
até um salário mínimo e meio. No caso do benefício parcial, o limite chega a
três salários mínimos por membro da família. Outro pré-requisito é ter cursado
todo o ensino médio em escola pública.
O problema não é novo e os primeiros casos foram denunciados em 2009 também
pelo TCU. O MEC passou a cruzar os dados dos bolsistas com informações da
Receita Federal e do Registro Nacional de Veículo Automotores (Renavam) para
detectar as irregularidades. Desde então, foram canceladas 4.253 bolsas e 15
instituições foram desvinculadas do programa.
É de responsabilidade das instituições de ensino verificar a veracidade dessas
informações e fiscalizar a situação dos alunos. O secretário de Ensino Superior
do MEC, Luiz Cláudio Costa, admite que existe a possibilidade de o candidato
fraudar essas informações, mas avalia que as faculdades têm feito esse trabalho
“com muito zelo”.
“Esses mecanismos estão sendo aprimorados, estamos em contato permanente com a
CGU [Controladoria-Geral da União] e a Receita Federal. Existe efetivamente uma
ação dentro do que existe de melhor em tecnologia de informação para fazer os
cruzamentos”, afirma.
Se for comprovado que a instituição foi negligente ou favoreceu algum aluno que
não se encaixa no perfil do programa, ela fica proibida de participar do
programa e pode sofrer outras sanções no processo de regulação do MEC.
No caso de alunos que tenham fraudado informações para receber o benefício,
além da perda da bolsa, eles podem responder judicialmente pelo crime de
falsidade ideológica.
Costa pede que a comunidade acadêmica – alunos, professores e gestores – também
faça o controle social das bolsas do programa.
As denúncia de recebimento indevido do benefício devem ser encaminhadas ao MEC.
“Estamos sempre abertos e é importante que a gente receba esse tipo de
denúncia. Sempre verificamos e as denúncias nunca são negligenciadas”, afirma.
MEC vai mudar regras de concessão de bolsas do ProUni
MEC vai mudar regras de concessão de bolsas do ProUni
