O
projeto Brasil Nunca Mais Digital, que vai repatriar a digitalizar o conteúdo
de 707 processos instaurados no Superior Tribunal Militar durante a ditadura de
1964 a 1985, foi lançado ontem em São Paulo. Os documentos serão hospedados no
servidor do Ministério Público Federal e disponibilizados para consultas pela
internet. A previsão é que o processo seja concluído em um ano.
Os arquivos do período entre 1961 e 1976 foram copiados e microfilmados ainda
durante a ditadura, em um trabalho apoiado por entidades católicas e
protestantes. Advogados pediam acesso aos processos com o pretexto de consulta
e, em posse dos documentos, passava para um grupo que fazia fotocópias antes do
material ser devolvido.
Depois tudo foi transformado em microfilme, como forma de reduzir o risco de
apreensão e facilitar o transporte. Com medo que os militares destruíssem as
provas das violações dos direitos humanos, as cópias em microfilme foram
enviadas para os Estados Unidos onde ficaram sob a guarda do Center for
Research Libraries. O material retornou ao Brasil e foi entregue ao Ministério
Público Federal.
O vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Marcelo Zelic, disse que, com o
projeto, será possível aprofundar as pesquisas. “Nós temos 1 milhão de páginas
que quando indexadas, com um sistema de busca moderno, podem trazer elementos
novos para muitas situações. Coisas que podem ter passado desapercebidas nesses
26 anos de pesquisa manual e individual de cada pesquisador”, afirmou.
Para o procurador da República em São Paulo, Marlon Alberto Weichert, o sistema
vai facilitar a difusão e uso pedagógico dessas informações. “Precisamos educar
o povo brasileiro em cidadania e diretos humanos. E isso a gente só faz
contando o que ocorreu de uma forma transparente e imparcial”.
Arquivos da época da ditadura serão disponibilizados na internet
Processos
