A
partir de dezembro, a tributação sobre os cigarros mudará. Medida provisória
publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da União estabelece um novo
modelo para a cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Atualmente, o imposto varia de R$ 0,764 a R$ 1,30 por maço, dependendo do tipo
de embalagem e do tamanho do cigarro. O novo modelo criará dois regimes de
tributação: um geral, que valerá para todos os fabricantes, e um opcional.
No regime geral, a alíquota será 45% sobre o preço de venda no varejo. No
regime opcional, o IPI será cobrado de duas formas: uma alíquota geral de até
15% mais uma taxa de R$ 0,80 a R$ 1,30, estabelecida conforme as
características do produto.
Segundo o auditor fiscal da Coordenação de Fiscalização da Receita Federal
Marcelo Fisch, o modelo geral implica em elevação da carga tributária sobre os
cigarros dos atuais 60% para 81%, levando em conta os outros tributos federais
e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). No caso do
regime por opção, ele disse que não dá para dizer se resultará em IPI maior,
porque as alíquotas finais e as classes de produtos precisam ser
regulamentadas.
Até o fim de novembro, os fabricantes terão de optar por um dos dois regimes.
Segundo a Receita Federal, quem não se manifestar será automaticamente incluído
no regime geral, que onera mais o produto.
Apesar de a nova política de apoio a alguns setores da indústria, lançada ontem
pelo governo, prever renúncia fiscal de R$ 20,7 bilhões até o fim de 2012, o
subsecretário de Tributação e Contencioso da Receita Federal, Sandro Serpa,
negou que a equipe econômica esteja buscando novas fontes de receitas para
compensar as desonerações. De acordo com ele, a reformulação do modelo de
cobrança do IPI sobre cigarros foi necessária para evitar problemas judiciais.
“O modelo atual sofria questionamentos na Justiça, principalmente dos pequenos
fabricantes. Então, achamos melhor adotar um novo modelo por lei”, explicou. O
secretário adjunto disse ainda que a criação de dois regimes (um geral e um
opcional) segue o modelo de tributação das bebidas.
Em 2010, a arrecadação de IPI dos cigarros rendeu R$ 3,7 bilhões aos cofres da
União. Se forem considerados os demais tributos federais, a receita chegou a R$
6 bilhões. Para Fisch, o novo modelo corrige uma distorção ao estabelecer uma
alíquota percentual sobre os preços. Ele, no entanto, admitiu que a política do
governo consiste em tributar mais intensamente os cigarros mais baratos.
“Quanto mais baixo o preço, maior a tributação para desestimular consumo. O
governo atende a uma política de saúde pública, que segue as convenções
internacionais sobre o assunto”, alegou.
A medida provisória também autoriza a fixação de preços mínimos para os maços
de cigarros à venda no país. O valor ainda será definido pelo Ministério da
Fazenda. Segundo o auditor, o estabelecimento de pisos é necessário para evitar
a sonegação. “Existem maços vendidos a R$ 1,00 no mercado. Considerando que o
imposto mínimo atual é R$ 0,76, há indício de sonegação”, justificou.
Imposto sobre cigarros ficará mais alto
Imposto sobre cigarros ficará mais alto
